Após 3 semanas, em Santos, com a típica imagem brasileira, água de côco, calçadão e praia, chegou a hora de me aventurar e ganhar coragem para ir ali ao lado no mapa, mas que no Brasil significa 16h de autocarro e mais de 1500 km. Destino: Foz de Iguaçu, o que muitos apelidam como o melhor que a natureza nos deixou!!!
Eram 13h30 quando parti do terminal rodoviário, comprei o bilhete mesmo em cima da hora, na esperança de conseguir um lugar solo, afinal estava a escolher o meu hotel para essa noite! Havia apenas um lugar onde ambas as cadeiras estavam vazias, yes!!! Mas, demorou apenas uma hora e na primeira paragem sentou-se junto a mim a minha companheira de viagem, bolas!! o truque não funcionou!! Comecei logo por meter conversa, fingindo interesse em conhecer um pouco mais a geografia do país, perguntei onde sairia... dali a 11h!!! iria ser uma longa viagem e acabámos por conversar e compartilhou cmg um pequeno pedaço de chocolate, a minha salvação para a tarde, porque a primeira paragem para comermos foi depois das 20h. A grande diferença entre os países mais desenvolvidos e os em vias, é que nos mais desenvolvidos, onde existem wc no autocarro, aliás wc limpos, não existe ninguém a entrar nos mesmos, a toda a hora a vender bebidas e comida, logo, passamos fome!!! Após viagens pelas Honduras e Nicarágua, no Brasil o autocarro é super civilizado, logo o passageiro tem de programar a sua viagem, contrariamente ao que estava habituada, onde tudo se vende e comercializa no grande "mercado" que é uma viagem de ônibus :D
Além do pedaço de chocolate acabámos por partilhar histórias e eu contei um pouco do meu percurso com naturalidade surgiu a pergunta:"qual o país em que você se chocou mais com a pobreza?", lamentavelmente respondo: "Aqui mesmo"!!! Onde as favelas existem por todos os lados, não apenas nos famosos morros do Rio ou nos arredores de São Paulo, desviamos naquela altura o olhar, pela janela ali estão, casas mal construídas, com o seu puxadinho no andar de cima, mas com satélites a trazerem a tv, “pode não ter frigorífico, mas plasma tem de ter”!!! indica-me. Para mim isso ainda é mais pobre, quando falta saneamento básico, mas existem pequenos luxos desnecessários face a um tecto em que não chova, ou uma retrete que envie os dejectos pelo cano!
Finamente nos despedimos e pude esticar-me um pouco mais, adormecendo até às 8h, quando cheguei a Foz de Iguaçu.
A cidade tem duas fronteiras, uma com a Argentina outra com o Paraguai e foi para lá que me dirigi, tinha pouca energia para começar a visitar as cataratas, por isso fui conhecer a barragem hidroeléctrica de Itaipu. Esta barragem é responsável por 80% da energia do Paraguai e 25% do Brasil. Um projecto dividido em iguais partes pelos dois países, assim como os seus frutos.
A sua construção levou também à destruição de outras cataratas que se dizem maiores e mais bonitas das que actualmente visitamos, mas em relação a isso já nunca me poderei manifestar :D
A visita do lado brasileiro é cobrada, enquanto que do outro lado é gratuita, explico na fronteira quando me questionam a razão da minha visita ao Paraguai.
Portanto, em vez dos 50 reais, acabei por gastar apenas 10, em comida, bebida e nuns óculos de sol…
Sempre me fascinou a proximidade de cidades em países diferentes, como em apenas 100 metros, se fala outra língua, se comercializa noutra moeda e se vive tão diferente.
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